Estudo inédito mostra que, em troca de ajuda financeira, seleção alemã fechou os olhos para as atrocidades de Hitler
Sessenta e um anos após o fim da Segunda Guerra, a relação entre o futebol alemão e o nazismo veio finalmente à tona. Ao mesmo tempo em que a Alemanha se preparava para a Copa do Mundo, um grupo de pesquisadores mergulhou em 40 diferentes arquivos e provou que a convivência entre o esporte e a política de Adolf Hitler era mais profunda do que se imaginava.
Sessenta e um anos após o fim da Segunda Guerra, a relação entre o futebol alemão e o nazismo veio finalmente à tona. Ao mesmo tempo em que a Alemanha se preparava para a Copa do Mundo, um grupo de pesquisadores mergulhou em 40 diferentes arquivos e provou que a convivência entre o esporte e a política de Adolf Hitler era mais profunda do que se imaginava.
O estudo foi feito pelos historiadores alemães Nils Havemann e Klaus Hildebrand a pedido de Theo Zwanziger, presidente da Deutscher Fussball-Bund (DFB), a federação alemã de futebol, e do ministro do Interior Otto Schily. O resultado deu origem a Fussball Unterm Hakenkreuz – Der DFB Zwischen Sport, Politik Und Kommerz (“Futebol sob a suástica – DFB entre o esporte, a política e o comércio”), recém-lançado por lá e inédito no Brasil.
O estudo de Havemann, que leva em conta as relações entre futebol e nazismo entre 1933 e 1945, destrói a tese defendida pela própria DFB de que o futebol alemão teria sido apolítico durante os anos do nazismo. De acordo com o pesquisador, a entidade contribuiu, sim, para o nazismo, quando optou por apoiar a política de Hitler.
O início da relação da federação com o regime nazista, a bem da verdade, quase nada teve de ideológico – era, isso sim, baseado em dinheiro, já que a crise mundial iniciada com a quebra da Bolsa de Nova York em 1929 tinha deixado a entidade com os cofres vazios. A partir de 1933, a DFB se apoiou em Hitler, que acabara de assumir como chanceler, com a intenção de garantir sua sobrevivência.
Segundo Havemann, a contribuição da DFB para o avanço do nazismo se devia mais à ambição de alguns de seus funcionários do que propriamente à aceitação da ideologia. Um exemplo é Josef “Sepp” Herberger. Apesar de saber das atrocidades cometidas pelo regime, ele só pensava em virar técnico da seleção alemã – o que conseguiu em 1937. Herberger chegou a conquistar a Copa de 1954, e se aposentou em 1964.
Havemann também conta que o próprio Hitler raramente ia aos estádios para assistir aos jogos. Depois da Olimpíada de 1936, quando a Alemanha perdeu por 2 a 0 para a Noruega, o Führer ficou tão furioso que nunca mais quis saber de futebol.
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