De forma deliberada e com uma
motivação ideológica clara, os governos daqueles países estrangulam ou
estrangularam serviços públicos fundamentais, elegendo os funcionários públicos
como bodes expiatórios, para apresentarem, em seguida, a privatização como
solução óbvia e inevitável. Sacrifica-se a qualidade, a segurança e a
sustentabilidade, provocando, invariavelmente, uma deterioração generalizada da
qualidade de vida dos cidadãos.
As consequências mais
devastadores registam-se nos países obrigados, por credores e instituições
internacionais a proceder a
privatizações massivas, como contrapartida dos planos de «resgate». Catastroika
evidencia, por exemplo, que o endividamento consiste numa estratégia para
suspender a democracia e implementar medidas que nunca nenhum regime
democrático ousou sequer propor antes de serem testadas nas ditaduras do Chile
e da Turquia. O objetivo é a transferência para mãos privadas da riqueza
gerada, ao longo dos tempos, pelos cidadãos. Nada disto seria possível, num
país democrático, sem a implementação de medidas de austeridade que deixem a
economia refém dos mecanismos da especulação e da chantagem — o que implica,
como se está a ver na Grécia, o total aniquilamento das estruturas basilares da
sociedade, nomeadamente as que garantem a sustentabilidade, a coesão social e
níveis de vida condignos.
Se a Grécia é o melhor exemplo da
relação entre a dividocracia e a catastroika, ela é também, nestes dias, a
prova de que as pessoas não abdicaram da responsabilidade de exigir um futuro.
Cá e lá, é importante saber o que está em jogo — e Catastroika rompe com o
discurso hegemônico onipresente nos meios convencionais, tornando bem claro que
o desafio que temos pela frente é optar entre a luta ou a barbárie.
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