Há a importância de se
entender a relação da massa com as forças; das células com as partículas; do
frio com o calor; da guerra com a paz; da soma com a subtração; do branco e do
preto; das palavras com suas devidas regras. Mas geralmente tudo isso, em sala
de aula, fica automático, burocrático. E com quem aprendemos mais? Aliás, o que
é ensinar/aprender?

Quando algo não faz sentido – ou melhor, não ressoa em nós – não estamos diante de algo que tomamos como da ordem de uma experiência em direção à mudança e invenção de si, pois a experiência exige uma novidade. Aprender, do Latim apprehendere, significaria “agarrar, tomar posse de”. Trata-se de se apropriar com a experiência, que requer, necessariamente, uma diferenciação, uma modificação de si. Parece que as escolas estão preocupadas apenas em tomar posse dos alunos e não de utilizar seus desejos. Ensina-se retroativamente, pois tenta-se ensinar à luz da época do professor, sem incluir o aprendiz no aprendizado.
Aos que tem por profissão
os seres humanos: antes de tentar enxertar qualquer perspectiva sobre a
juventude de hoje, saiba que não somos nós que os interpretamos, mas eles que
nos interpretam.
As dificuldades não estão apenas no conteúdo
da aula, mas no
manejo intelectual e afetivo,
pois um professor torna-se inesquecível pelo
encontro que estabelece com o aluno, pela
forma como os envolvidos se ressoam,
como se
aproximam e se afastam, e não apenas pelo
conteúdo que ensinou.
Professor é aquele que aprende enquanto ensina. Caso tente ver o ano de hoje à
luz de anos passados, a comparação o levará apenas à nostalgia e se depreciará
o mixado mundo de hoje. Afinal, as formas de vida hoje estão atualizadas e
mostram-se inéditas e sem padrão com séculos anteriores, sendo assim impossível
prever as formas de vida de amanhã. Ficará para trás com ideais que não se
sustentam mais, pois há novas formas de amar, educar, crescer, trabalhar,
adoecer, envelhecer e morrer. #ficadica
Uma comparação entre
escolas, hospícios e presídios ainda pode ser feita. Em todos as grades e as
portas servem para que ninguém saia. Ainda não vi alguém ser impedido de
participar de uma aula, desejada, por grades ou portas fechadas. E nestes
presídios, o que toca seus habitantes? Importante ressaltar que não é em toda a
escola em si que há um movimento de prisão de sujeitos uniformes (afinal usam
uniformes). Fora de sala de aula, (e por vezes dentro dela) a “confusão” está
armada, desnaturaliza-se o objetivo fundamental de uma escola, e nela todos
estudantes se entendem mesmo sem trocar palavras.
Neste ponto, há uma liberdade
interessante, pois deixa de se aprender – decorar – e passa-se a sentir, tocar,
expressar. Na escola também mudam-se as perspectivas, pois o jovem vê um mundo
diferente do seu seio familiar, e isto pode ser de grande importância para seu
desenvolvimento. Larga-se a chupeta, aprende que se não correr fica pra trás,
que a falta e a saudade tem sua importância, que perder faz parte e ninguém vai
aliviar seus defeitos, aprende-se sobre meninos e meninas, a ganhar e perder
amigos, aprende a chorar e esquecer, aprende a ter que se virar com seu
português, ou melhor, aprende a falar por si. Portanto, a escola tem
interfaces, não é boa ou má por si só.
Além disto, há que se
considerar as convivências dos jovens de hoje e os modos de se relacionarem.
Por hoje chega, pessoal,
hora do recreio!

Fonte: alexandrevbrito.wordpress.com
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