
Neste dia 8 de março, celebra-se o Dia Internacional da Mulher. Não que seja necessário uma data do calendário para nos recordar a alegria de ser mulher. Nem
se pretende que seja um dia de discursos inflamados a reclamar a superioridade do gênero. Não se trata de uma celebração de vaidade, mas sim de orgulho pelas conquistas alcançadas. Este dia
recorda-nos a todos e a todas que nascer mulher foi (e é ainda em muitos locais do mundo) um estigma. O gênero determinou e determina o ser, o poder, o querer, a liberdade.

Faz sentido celebrar o Dia Internacional da Mulher? Questionam. Não hesito na resposta afirmativa, mas não fico por aqui e explico o porquê – ou não
fosse eu mulher.
Não se trata de uma ação de "marketing", nem uma estratégia de comunicação. Não se pretende neste dia apelar ao consumismo,
nem tão pouco pretende o sexo feminino ser agraciado com prendas, miminhos e outros inhos…
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(TRABALHADORAS DA INDÚSTRIA DO VESTUÁRIO NA GREVE DE 1909)
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A origem deste dia remete-nos para um trágico acontecimento em 1857, quando operárias de uma fábrica
de tecidos, situada na cidade norte americana de Nova Iorque, organizaram uma greve. Ocuparam a fábrica e começaram a reivindicar melhores condições de trabalho, tais como, redução
na carga diária de trabalho para dez horas (as fábricas exigiam 16 horas de trabalho), equiparação de salários com os homens (as mulheres chegavam a receber até um terço do
salário de um homem, para executar o mesmo tipo de trabalho) e tratamento digno dentro do ambiente de trabalho.
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O Incêndio da Triangle Shirtwais Factory, como passou à história, é tido como o mais mortal acidente de trabalho da história de Nova York e resultou
em modificações nas leis trabalhistas norte-americanas. Embora a origem exata do Dia Internacional da Mulher seja controversa, a morte das trabalhadoras da fábrica é sempre lembrada como um dos
eventos que o motivaram. As 129 mulheres e meninas se tornaram símbolo deste dia.
A manifestação foi reprimida com total violência. As mulheres foram trancadas dentro
da fábrica, que foi incendiada. Aproximadamente 130 tecelãs morreram carbonizadas, num ato totalmente desumano.

Comemora-se o Dia Internacional da Mulher porque tivemos de lutar para garantir direitos, não o podemos deixar de fazer porque o caminho ainda é longo até alcançarmos
a igualdade do gênero - e não é com quotas que o conseguimos, antes pelo contrário estas desprestigiam o ser mulher.

É ainda hoje imperativa uma luta diária para que a voz feminina
seja ouvida e sentida da mesma forma em todas as zonas do globo, sem escusas de credos, raças ou outras desculpas que apenas esmagam a força a que se chama mulher. Igual, na sua diferença, à força
do homem.

E por que não um Dia do Homem?

São vários os homens que perguntam e exigem que o calendário inclua uma data em que celebrem o seu gênero. Seria
uma discriminação apenas se houvesse motivo para tal, mas a questão que se coloca é: para assinalar o quê se nascer homem é garantia de liberdade total. Não há conquistas
pelos direitos do gênero masculino – eles foram oferecidos à nascença.

Não se questionam temas como os avanços nos direitos que eles conquistaram nos últimos anos ou se conseguiram conciliar a vida familiar e profissional.
Se na educação e na saúde a igualdade entre homens e mulheres é já quase uma realidade, no que diz respeito à participação
econômica as diferenças entre ambos os gêneros continuam a fazer-se sentir, sobretudo no que diz respeito aos salários. Estes fatos são-nos apontados no relatório anual do Fórum
Econômico Mundial sobre o tema. É aqui que reside a diferença pela qual há sentido O Dia Internacional da Mulher e não o há o Dia do Homem.
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Marie Skłodowska Curie foi uma cientista e física polonesa naturalizada francesa, que conduziu pesquisas pioneiras em todo o mundo no ramo da radioatividade.
Foi a primeira mulher a ser laureada com um Prêmio Nobel e a primeira pessoa e única mulher a ganhar o prêmio duas vezes.
Curie não tinha consciência dos perigos da exposição à radiação – passou a vida andando com tubinhos de rádio
nos bolsos do jaleco, e acabou morrendo de anemia aplástica em 1934, com só 66 anos. Seus livros e anotações até hoje só podem ser manipulados com grossas roupas de proteção.
Antes de morrer, porém, foi reconhecida: viajou o mundo dando palestras, e conseguiu nomear sua irmã diretora de um instituto de pesquisa sobre radioatividade em Varsóvia – um salto e tanto para
o país que não permitiu que ela estudasse.
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Não queremos nem mais nem menos, queremos ser tanto como! Gostamos da diferença que nos complementa e nos aproxima. Apenas afirmamos que a igualdade é um direito!


Excelente!
ResponderExcluirGK