
Contradições na educação
evidenciadas pela crise atual
Tenho participado de
discussões e ouvido críticas ao ambiente online como espaço inadequado para
ensinar e aprender. Muitos professores estão estressados e muitos estudantes
continuam insatisfeitos. Há uma nostalgia – em muitos - pela volta para o
espaço seguro da sala de aula que garante a aprendizagem plena, enquanto que
online seria um espaço precário, incompleto, provisório.
O problema não está em
aprendermos
ou não em plataformas online.

- O que está revelando este período é que a maior parte das escolas vem ensinando de uma forma inadequada, muito conteudista, dependente do professor, com pouco envolvimento, participação e criatividade dos estudantes.
O problema não está no
online;
está...
- na falta de autonomia na formação de cada estudante,
- na deficiência de domínio das competências básicas (saber pesquisar, analisar, avaliar...) e
- também na gestão paternalística das aulas, da forma de ensinar: Tudo é dado pronto, como receita fechada, prato feito, com pouca autonomia, participação e envolvimento dos aprendizes.
O online não é solução nem
problema...
- é um ambiente que permite tanto a transmissão como a experimentação, com algumas adaptações.
- Escolas e universidades que estimulam o protagonismo do aluno, que trabalham com desafios se adaptaram rapidamente ao online, incentivando o aluno-pesquisador, a personalização, atividades em grupo.
- Mas professores que privilegiam a transmissão de conteúdo, tornam o processo cansativo, insuportável e pouco produtivo para todos.
O problema não está no
online,
está...

- em privilegiar a transmissão de informações longas, quando é possível combinar informações curtas, atraentes com desafios, projetos, criatividade.
- Escolas e docentes que
vinham trabalhando com desafios, experimentação e projetos no presencial tem
encontrado plataformas e aplicativos digitais que combinam os itinerários
pessoais (com flexibilidade de tempos e escolhas), as atividades diversificadas
em grupo e as de compartilhamento síncrono entre todos.
Encontramos também problemas
no online.
![Infográfico] Escola do século XXI: quais os desafios da educação ...](https://escolasdisruptivas.com.br/wp-content/uploads/2018/10/232780-escola-do-seculo-xxi-quais-os-desafios-da-educacao.jpg)
- Os laboratórios virtuais 3-D e com realidade aumentada trazem soluções muito poderosas para simulação, imersão, aprendizagem compartilhada a distância, a um custo baixo, mas que precisam ser complementadas com experimentações de campo, com contato físico em muitos campos profissionais para uma efetiva calibração do desenvolvimento de cada um.
- Não basta realizar somente exercícios em
simuladores de voos; o estudante precisa também de voos reais com instrutores.
Por outro lado...
- este período longo de ida forçada para o digital revelou que podemos aprender e ensinar de forma muito ativa, diversificada, personalizada, misturada.
- As crianças precisam conviver juntas, com tutoria próxima.
- Mas quem já tem um domínio básico da língua, da escrita, da
linguagem dos números e computacional pode aprender com um design curricular
mais flexível, personalizado, que equilibre as diversas formas de presença
física e digital; espaços, tempos e
múltiplas formas de aprender e de avaliação para desenvolver as competências
necessárias hoje como autonomia, colaboração, resiliência e criatividade.
A extrema desigualdade ...

- Este período escancarou também a extrema desigualdade de acesso ao digital e de condições de estudo e pesquisa na maioria das residências. Reforçou a necessidade de termos uma política pública que agilize a infraestrutura digital nas escolas, a formação docente em competências digitais e que o acesso individual e familiar à Internet seja considerado um direito fundamental do século XXI como ter água, esgoto e energia.
- Ensinar e aprender hoje sem o digital é privar os estudantes de oportunidades ricas para vivenciar dimensões importantes para sua vida pessoal, profissional e social.
É urgente agora...
- o compartilhamento e análise de como integrar todos os ambientes, estratégias de ensino e aprendizagem de forma otimizada em cada etapa da aprendizagem e de acordo com as necessidades de cada um, de cada escola, região.
- O digital não é uma panaceia, mas um componente fundamental da vida moderna, que afeta todas as dimensões da nossa existência (trabalho remoto, compras online, inserção em redes e comunidades de interesse e de práticas...).
São muitos os desafios na
educação...

- em ambientes presenciais e digitais, num cenário tão complexo e carregado de incertezas.
- É prioritário dar ênfase e vivenciar valores humanos fundamentais.
- Educadores, gestores, estudantes e famílias
precisam insistir em construir relações inclusivas, de afeto, de conhecimento,
abertas ao diálogo, a partir de questões reais, de experimentação, pesquisa, de
projetos socialmente relevantes onde os estudantes sejam protagonistas e
utilizem todos os meios e tecnologias possíveis.
Temos que rever o currículo
neste
período...

- com maior autonomia docente e intenso compartilhamento de experiências, dificuldades, formas de engajar os estudantes através das diversas plataformas e aplicativos digitais, mas também da criatividade em chegar aos mais carentes com roteiros ativos e criativos impressos, sonoros e audiovisuais adequados para cada necessidade.
Num horizonte de crises em
todos os campos...
- que tendem a se agravar, é de capital importância que educadores e gestores sejam os impulsionadores da esperança, de valores humanos, de caminhos que inspirem projetos relevantes.
- Todo o conteúdo precisa ser relevante, ligado à vida, trabalhado em relação estreita com atividades criativas e empreendedoras. Vai ficando cada vez mais evidente que podemos aprender de múltiplas formas, em todos os espaços e em tempos diferentes.
Precisamos avançar
rapidamente...

- no redesenho de projetos educacionais que sejam flexíveis, de qualidade, de custo menor e de resultados mais rápidos e ágeis.
- Ao mesmo tempo que fazemos as mudanças possíveis agora, neste período de transição, é importante definir um projeto estratégico de transformação no médio prazo das escolas e instituições de ensino superior para que realmente sejam modernas, atraentes, envolvente e relevantes nos próximos anos.
José Moran
Educador e designer de ecossistemas
inovadores na Educação
Fonte: Blog Educação Transformadora
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